05/07/2024
Por Geraldo Cantarino, conselheiro da ABI, da Inglaterra
Keir Starmer discursou pela primeira vez como premiê do Reino Unido/Foto: Henry Nicholls/AFP
O partido Trabalhista britânico venceu as eleições parlamentares de forma acachapante. Os trabalhistas elegeram, até agora, 412 deputados (ainda falta concluir a contagem de votos de dois distritos eleitorais), 82 a mais do que a maioria necessária de 326 para governar o país.
O líder do partido Trabalhista, Sir Keir Starmer, ex-procurador-geral britânico e advogado especializado em direitos humanos, será o próximo primeiro-ministro do Reino Unido.
Mais do que uma vitória trabalhista, a eleição representou uma impressionante derrota para o partido Conservador, que estava no poder há 14 anos. Em pronunciamento na sede do governo, o primeiro-ministro Rishi Sunak reconheceu o resultado das urnas, pediu desculpas aos seus correligionários e assumiu total responsabilidade pela derrota.
Foi o pior resultado eleitoral dos conservadores na história recente do país. O partido perdeu 250 assentos no Parlamento britânico, elegendo apenas 121 deputados.
Vários deputados conservadores que ocuparam cargos do primeiro escalão do governo, incluindo a ex-primeira-ministra Liz Truss, que ficou no poder por menos de dois meses em 2022, não se elegeram.
Os votos, entretanto, não foram todos transferidos dos conservadores para os trabalhistas. O partido Liberal Democrata, por exemplo, elegeu 63 novos deputados e o partido Verde aumentou de 1 para 4 parlamentares.
Outra novidade foi a entrada do partido populista de direita Reform UK no Parlamento britânico, que elegeu 4 novos deputados, incluindo o seu líder, o polêmico Nigel Farage, considerado o mais influente político da direita britânica, depois de tentar se eleger ao cargo oito vezes.
A derrota de hoje dos conservadores encerra uma era na política britânica, marcada pelo Brexit, a tumultuada saída do Reino Unido da União Europeia, as falhas e escândalos do primeiro-ministro Boris Johnson ao lidar com a pandemia de Covid e a crise de estabilidade política provocada pela indicação de Liz Truss para liderar o partido Conservador e suceder Johnson após sua renúncia.
O partido Trabalhista, agora no poder, tem enormes desafios pela frente, como restaurar a confiança do público na classe política, reduzir o custo de vida, que levou milhões de britânicos para a linha de pobreza, e salvar o Serviço Nacional de Saúde da beira do colapso.