18/06/2015
A Câmara dos Deputados homenageou 173 políticos cassados em quatro legislaturas, entre 1964 e 1977, durante o regime militar (1964-1985). A iniciativa partir da Comissão Parlamentar da Memória, Verdade e Justiça, criada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Entre os homenageados está o político Almino Affonso, que foi entrevistado pelo jornalista Tarcísio Holanda, Conselheiro da ABI, e ex-presidente da entidade. O depoimento foi gravado para o programa “Brasil em Debate”.
Em 1º abril de 1964, Almino Affonso foi um dos redatores do discurso gravado pelo presidente João Goulart transmitido pela Rádio Nacional no qual o presidente deposto pelos militares afirmou que lutaria contra a deposição, ocorrida no dia anterior, e denunciou o caráter reacionário do golpe.
Almino Monteiro Álvares Affonso nasceu em Humaitá (AM) no dia 11 de abril de 1929, filho de Boemundo Álvares Affonso e de Dolores Monteiro Álvares Affonso, neto do senador Almino Álvares Affonso, reconhecido pela dedicação à causa abolicionista.
Almino Affonso iniciou os estudos superiores na Faculdade de Direito do Amazonas, transferindo-se em 1949 para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Em 1958 abandonou as atividades em São Paulo e retornou a Manaus, capital do Amazonas, para disputar uma cadeira na Câmara Federal. Foi o único candidato amazonense eleito na legenda do Partido Social Trabalhista (PST).
No pleito de outubro de 1962, obteve a maior votação para a Câmara Federal, tendo sido reeleito na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro(PTB-AM).
Foi o primeiro ministro do Trabalho e Previdência Social no governo João Goulart, tendo ocupado o cargo entre 24 de janeiro e 18 de junho de 1963, após a retomada do presidencialismo, quando sucedeu Benjamin Eurico Cruz. No mesmo ano retornou à Câmara Federal e assumiu a liderança do PTB.
Em 1º de abril de 1964, após a instalação do regime militar, Almino Affonso participou de uma reunião com João Goulart em Brasília, para analisarem o quadro político e a possibilidade de resistência ao golpe.
Em 10 de abril foi divulgada a primeira lista de cassados na qual constava o nome de Almino, que foi asilado na Embaixada da Iugoslávia, em Brasília. Viveu por 12 anos no exílio na Iugoslávia, no Chile, no Uruguai, no Peru e na Argentina, retornado ao Brasil
Em agosto de 1976 retornou ao Brasil, tendo ocupado os cargos de Secretário dos Negócios Metropolitanos de São Paulo, no governo André Franco Montoro, e vice-governador do Estado de São Paulo na gestão de Orestes Quércia.
Em maio de 1979, filiou-se ao partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Com a extinção do bipartidarismo, em 29 de novembro de 1979, filiou-se ao PMDB.
Nas eleições de 1986, foi eleito vice-governador de São Paulo pelo PMDB, exercendo o cargo entre 1987 e 1990. Em 1994 conquistou a vaga de deputado federal na legenda do PSDB para o mandato 1995-1999. Posteriormente, filiou-se Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Atuou como Conselheiro da República no governo Lula. Em 2000, ocupou o cargo de Secretário Municipal de Relações Políticas na gestão do prefeito paulistano Régis de Oliveira. Foi assessor do Governo de São Paulo na gestão de José Serra, e, posteriormente, Secretário das Relações Institucionais do Estado.
Em 31 de março de 2014, lançou o livro “1964 na Visão do Ministro do Trabalho de João Goulart”, no qual resgata o período da ditadura militar entre 1964 e 1985.
Almino Affonso é casado com Lygia de Brito Alvares Affonso, pai de Rui, Gláucia, Fábio e do músico Sérgio Britto. Ao longo de sua trajetória publicou vários livros, entre os quais “Raízes do Golpe”, “Parlamentarismo, Governo do Povo” e “Almino Álvares Affonso – Tribuno da Abolição”.
*FONTE: TV CÂMARA – “Programa Brasil Debate” (2012)