03/12/2020
A partir de hoje, 3, e até domingo, 6, será realizada a 18º edição da Festa Literária de Paraty, a FLIP
, virtualmente pelas redes sociais (YouTube: flipfestaliteraria) devido à pandemia do coronavírus. A Flip Virtual também não terá nesta edição a figura do autor homenageado devido ao momento pandêmico mundial, mas fará uma homenagem coletiva a artistas fundamentais para a cultura como o compositor Aldir Blanc, o escritor Sergio Sant’Anna, o artista plástico Abraham Palatnik e a regente Naomi Munakata, entre muitos outros, que morreram por Covid 19. As 12 mesas serão transmitidas em plataforma própria e em todos os canais e redes sociais ligados à Flip. Mesmo sem a realização presencial nesta edição, estão sendo preparados encontros que qualificam a linguagem virtual em seu potencial artístico e poético, permitindo a troca e experiências literárias, eventos paralelos e programações de parceiros.
Para as mesas ao vivo, já estão confirmadas as presenças de autores internacionais como a britânica Bernardine Evaristo (Londres, 1959 – vencedora do Booker Prize 2019), a colombiana Pilar Quintana (Cali – Colômbia 1972) e o brasileiro Itamar Vieira Junior (Salvador-BA, 1979), além de Caetano Veloso.. Para aproximar o público da cidade foram produzidos uma série de vídeos, trazendo o sentido mais amplo da festa, as histórias e personagens paratienses para dentro da edição online.
MESAS
Mesa 1 – Diáspora – Hoje (5ª feira) -18 hs –Bernadine Evaristo e Stephanie Borges
Stephanie Borges nasceu e vive no Rio de Janeiro. Escritora e jornalista de formação, também traduziu prosa e poesia de autores como Audre Lorde, Bell Hooks, Jacqueline Woodson, Claudia Rankine e Margaret Atwood. Seu livro de estreia Talvez precisemos de um nome para isso, de 2019, venceu a categoria poesia do IV Prêmio Cepe Nacional de Literatura.
A inglesa Bernardine Evaristo com seu romance Garota, mulher, outras, venceu a última edição do Booker Prize, tornando-se a primeira autora negra a receber a premiação. O livro retrata 12 personagens mulheres e não-binárias que juntas compõem um retrato histórico – indo das colônias britânicas do Caribe à África – e contemporâneo da população negra na Grã-Bretanha. Na mesa, ela conversa com a escritora Stephanie Borges.
Mesa 2 –: Ciranda | Zé Kleber – Hoje (5ª feira), 20:30
Com Fernando e Marcello Alcantara e mediação de Jéssica Moreira, jornalista, fundadora do site Nós Mulheres da Periferia. Dois jovens paratienses, músicos cirandeiros e pesquisadores de sua própria história, dedicam-se a resgatar e colocar em evidência a cultura caiçara em suas mais diferentes formas.
Mesa 3 – Florestas Vivas , sexta-feira, 4, 16:00
De um lado, os impactos da ação humana sobre o clima; de outro, a importância da natureza para a educação indígena. Esses são os temas centrais dos últimos livros de um romancista norte-americano e de uma poeta da etnia cambeba, da Amazônia brasileira. É o meio-ambiente tratado a partir de perspectivas diferentes e complementares. Com Marcia Wayna Kambeba, o americano Jonathan Safran Foer e Schneider Carpeggiani (mediação). Jonathan Safran Foer nasceu e vive nos Estados Unidos. Escritor, caminha entre a ficção e a não-ficção, sempre abordando temas atuais, em consonância com as grandes discussões em pauta. Segue uma dieta baseada no vegetarianismo desde os dez anos, e seu livro Comer Animais aborda os problemas associados ao consumo de carne industrializada sob um ponto de vista ético. Em 2020, lançou Nós Somos o Clima.Marcia Kambeba nasceu em uma aldeia ticuna, onde viveu até os oito anos de idade, quando se mudou com a família para São Paulo de Olivença, no Amazonas. Poeta, performer e pesquisadora, é graduada em Geografia pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e mestre pela Universidade Federal do Amazonas. Sua poesia mostra semelhanças com a literatura de cordel e reflete a violência contra os povos indígenas e os conflitos trazidos pela vida na cidade. Seu primeiro livro é Ay kakyri Tama – Eu moro na cidade. Em 2020, lançou Saberes da Floresta, que reflete sobre a educação indígena, pela editora Jandaíra.
Mesa 4 – Elieen para presidente! sexta-feira, 4, 18:00
Nas palavras da escritora Deborah Levy, Eileen Myles é “a peça perdida para quem só leu escritores homens da geração beat”. A mesa, um encontro da escritora com suas tradutoras para o português, Bruna Beber e Mariana Ruggieri, recupera a trajetória de Myles, que é poeta, performer, romancista e jornalista.
Mesa 5 – Animais abatidos, Sexta-Feira, 4, 20h30
Duas romancistas sul-americanas, uma colombiana e outra brasileira, que tratam de personagens vivendo em contextos ordinários, mas que acabam se defrontando com aspectos absurdos da vida. Há certo clima soturno e de terror psicológico nas narrativas, mas nada é sobrenatural e o efeito de estranhamento vem da própria realidade. Com a colombiana Pilar Quintana, a brasileira Ana Paula Maia e mediação de Schneider Carpeggiani, crítico e editor do Suplemento Pernambuco. Pilar Quintana é considerada uma das principais vozes da literatura contemporânea da Colômbia e teve recentemente o seu A Cachorra anunciado na lista estendida do prestigioso National Book Award, na categoria de literatura traduzida. O livro ganhou e foi finalista de dois dos maiores prêmios literários do seu país em 2018. Pilar também é autora de outros três romances e um livro de contos. Nascida em Cali, ao sul de Bogotá, em 1972, no começo da carreira, trabalhou como roteirista e redatora de publicidade, mas antes de completar 30 anos decidiu viver outra vida. Viajou por três anos pelo mundo até voltar para a Colômbia e se fixar em Juanchaco, um vilarejo da costa do Pacífico colombiano, onde construiu sua casa em um local que não tinha eletricidade ou água encanada. Em 2007, foi eleita uma das 39 vozes de destaque da literatura latino-americana com menos de 39 anos, no Festival Hay de Literatura e Artes, do País de Gales. ANA PAULA MAIA nasceu no Rio de Janeiro. É autora de sete romances, entre eles Carvão animal, De gado e homens e Assim na terra como embaixo da terra. Tem contos publicados em diversas antologias, entre elas 25 Mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira e Sex´n´Bossa (2005).
Mesa 6 – Sobre o Autoritarismo – Sábado, 5, 16:00
O imaginário da identidade do povo brasileiro é preenchido por ideias de tolerância, cordialidade, acolhimento, mas a história do país, repleta de autoritarismo político e social, diz outra coisa. A historiadora Lilia Schwarcz reflete sobre as raízes do autoritarismo brasileiro que faz com que o país seja mais excludente que inclusivo. Com Lilia Moritz Schwarcz e Flavia Lima (mediação). Lilia Moritz Schwarcz nasceu e vive em São Paulo. É professora titular no Departamento de Antropologia da Universidade São Paulo (USP) e Global Scholar na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. É autora de, entre outros livros, O espetáculo das raças, As barbas do imperador, Brasil: Uma biografia e Lima Barreto: Triste visionário. Em 2019, lançou Sobre o Autoritarismo e, em 2020, A Bailarina da Morte.
Mesa 7 – Ancestralidades – Sábado, 5, 18:00
De um lado, a presença marcante de entidades divinas interagindo com o destino dos humanos. De outro, a realidade do mundo material que se impõe com força e violência. Um romancista brasileiro e outro nigeriano tematizam a vida rural de personagens que vivem às voltas com religiosidades de matriz africana. Com Chigozie Obioma, da Nigéria, o brasileiro Itamar Vieira Junior e Angel Gurría-Quintana (mediação). Chigozie Obioma nasceu na Nigéria, viveu no Chipre, na Turquia e atualmente mora nos Estados Unidos. É professor de literatura e escrita criativa da Universidade de Nebraska-Lincoln. Os pescadores, de 2016, foi seu primeiro romance e a crítica internacional o coloca entre os principais nomes da literatura africana contemporânea. Em 2019, lançou Uma Orquestra de Minorias; Itamar Vieira Junior nasceu e vive em Salvador. Escritor, é também geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos, com pesquisa sobre a formação de comunidades quilombolas no interior do Nordeste brasileiro, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2018 foi vencedor do Prêmio Leya, de Portugal, com o romance Torto Arado, lançado em 2019, no Brasil.
Mesa 8 – Transições – Sábado, 5, 20h30- Com Caetano Veloso e Paul B.Preciado. Ángel Gurría-Quintana (mediação).
Nos arquivos da ditadura militar que justificaram o exílio de Caetano Veloso poucos dias após o AI-5, o artista é definido como “desvirilizante”. Já o escritor espanhol Paul B. Preciado, define-se hoje como “dissidente do sistema sexo-gênero”. Os dois, símbolos da quebra de paradigmas, encontram-se nessa mesa que tem a liberdade como tema central. Caetano Veloso, figura central da cultura brasileira, nasceu em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, em 1942. Cantor e compositor, autor de Verdade tropical e O mundo não é chato, também dirigiu o filme O cinema falado. Caetano Veloso é um dos principais nomes da música popular brasileira e um dos idealizadores da Tropicália, que resgatou o espírito dos primeiros modernistas brasileiros, embaralhando referências em todos os campos da arte e da sociedade. Lançou em 2020 Narciso em Férias. Paul B.Preciado é filósofo, curador e um dos principais pensadores contemporâneos das novas políticas do corpo, gênero e sexualidade. Nascido como Beatriz Preciado em 1970, na Espanha, é bolsista Fulbright, mestre em filosofia e teoria de gênero pela New School de Nova York e doutor em filosofia e teoria da arquitetura pela Universidade de Princeton. Atualmente é filósofo associado ao Centre Georges Pompidou, em Paris. Também é autor de Manifesto contrassexual, Testo junkie e Pornotopia.
mesa 9 – Zé Kleber: Sarau – Domingo – 14h00
Com Rodrigo Ciríaco, Elisa Pereira e mediação de Jéssica Moreira, jornalista, fundadora do site Nós Mulheres da Periferia. Rodrigo Ciríaco nasceu e vive em São Paulo. É escritor, educador e idealizador do projeto “Literatura (é) Possível”, que desde 2006 desenvolve ações de incentivo à leitura, produção escrita e difusão literária em escolas públicas estaduais e municipais, com o “Sarauzim – Sarau dos Mesquiteiros”. Já publicou os livros Te Pego Lá Fora, 100 Mágoas e Vendo Pó…esia; Elisa Pereira – nasceu em Belo Horizonte e vive em Paraty desde 2011. É autora dos livros Memórias da Pele e Sem Fantasia e fundadora do Fuzuê Literário, sarau que promove encontros entre escritores e artistas de Paraty. Em parceria com o selo Off Flip, lançou a Coletânea Fuzuê Literário, de contos, crônicas e poemas, reunindo alguns dos principais nomes da produção literária paratiense.
Mesa 11 – Domingo, 6, 18:00
A poesia e a performance se unem para dar voz a temas contemporâneos como a descolonização das narrativas históricas, identidade de gênero, não-binarismo, racismo e diáspora africana. Artistas de dois países diferentes, Brasil e Estados Unidos, Jota Mombaça e Danez Smith tratam mais da história comum que compartilham do que das fronteiras que os separam. Com Danez Smith, Jota Mombaça e Roberta Estrela D’Alva (mediação). Danez Smith e poeta e performer, se identifica como uma pessoa não-binária e prefere usar uma linguagem sem demarcação de gênero, substituindo “ele” por “elu”, por exemplo (em inglês, a questão é mais simples, porque eles substituem o pronome “he” ou “she” por “they”; em português ainda não existe uma definição clara sobre isso). Tem três livros publicados que tratam de temas como raça, gênero e política. Smith também faz parte do coletivo Dark Noise Collective, que reúne alguns dos nomes de vanguarda da poesia nos Estados Unidos, como Fatimah Asghar, Franny Choi, Nate Marshall, Aaron Samuels e Jamila Woods. Também dá aulas em Minnesota e publicou este ano seu terceiro livro, Homie, sem tradução no Brasil, que tem colecionado boas críticas. Jota Mombaça (Natal, 1991), também conhecida como Monstra Errátik e Mc K-trina, é uma escritora e artista visual brasileira que trabalha em torno das relações entre monstruosidade e humanidade, estudos cuir, diáspora, violência e resiliência, justiça anticolonial, ficção visionária e tensões entre arte e política nas produções de conhecimentos do Sul-do-Sul globalizado.[3][4] Mombaça faz parte de uma geração de artistas ativistas voltados para o debate sobre a descolonização e o racismo através de um cruzamento com as dimensões de classe social e de identidade de gênero. Define-se como não binária, racializada como parda, nascida e criada no nordeste do Brasil.
Mesa 12 –– Zé Kleber: Slam – Domingo, 6, 20h30
As competições de slam estão em Paris, Nova York, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraty. Nesse encontro, Nathalia Leal, uma das idealizadoras do Slam de Quinta, que acontece toda quinta-feira na rodoviária de Paraty, conversa com Luz Ribeiro, primeira mulher a vencer o Slam BR – campeonato brasileiro de Slam. Com Luz Ribeiro, Nathalia Leal e Jéssica Moreira (mediação).
Luciana Ribeiro nasceu em Jardim Souza na zona sul de São Paulo, em 1988; conhecida pelo nome artístico de Luz Ribeiro, é uma poeta e pedagoga brasileira. Estudou sempre em escolas públicas e para lidar com o racismo e a exclusão, começou a escrever versos sobre seu cotidiano, em papéis que depois queimava. Em 2011, começou a frequentar saraus na periferia da cidade e a participar de slams. Venceu o Slam BR de 2016. Foi uma das organizadoras da edição paulista do Slam das Minas.Lançou em 2013 seu primeiro livro, Eterno Contínuo. Integrante dos coletivos Poetas Ambulantes, Slam Do 13 e Legítima Defesa, representou o Brasil na 11ª edição da Copa do Mundo de Slam, em Paris, em 2017.