Por Igor Waltz*
19/12/2013
A presidente Dilma Rousseff declarou nesta quarta-feira, 18 de dezembro, que não se manifestará sobre o interesse do ex-agente de inteligência norte-americano Edward Snowden de obter asilo permanente no Brasil. Acusado de vazar informações sigilosas de segurança dos Estados Unidos, Snowden está asilado temporariamente na Rússia. As informações do ex-agente levaram à revelação de que a presidente Dilma Rousseff, ministros, assessores e a Petrobras foram alvo de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA).
Na última quarta-feira, Snowden divulgou “carta aberta ao povo do Brasil” na qual se dispõe a ajudar as autoridades brasileiras nas investigações sobre o roubo de informações por parte do governo dos EUA e sugere que deseja obter asilo permanente. “Até que um país conceda asilo político permanente, o governo dos EUA vai continuar a interferir na minha capacidade de falar’, disse o ex-agente.
Dilma afirmou que não houve solicitação de asilo para o Brasil e disse que não interpreta cartas. “A nós não foi encaminhado nada, e eu me dou completamente o direito de não me manifestar sobre o que não foi encaminhado. Vou me manifestar como? Não me encaminharam nada, não me pediram nada e, mais do que isso, eu não interpreto cartas de ninguém. Não é minha missão”, declarou. “Eu não acho que o governo brasileiro tem que se manifestar sobre algo de um indivíduo que não deixa claro, não dirigiu nada para nós”, afirmou.
O jornalista Glenn Greenwald, que divulgou as primeiras denúncias de Snowden, negou que o americano tenha pedido asilo no Brasil. Segundo ele, a carta foi mal interpretada.
“Snowden é contatado com frequência pelas autoridades brasileiras para colaborar nas investigações sobre a espionagem no país e ele quis explicar por que não poderia ajudar. Em nenhum momento ele pede um novo asilo, isso é completamente errado. Basta ler o conteúdo da carta”, declarou ao jornal.
De acordo com Greenwald, o americano não quis propor uma “troca” para obter o asilo e a carta seria uma resposta aos pedidos de colaboração enviados a Snowden pelo Senado brasileiro. Dilma e o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, reuniram-se ontem à noite no Palácio do Planalto para discutir o caso Snowden.
A avaliação do Itamaraty é a de que não há nada que o governo possa fazer neste momento. As autoridades brasileiras consideram que não existe um pedido formal de asilo, já que a solicitação apresentada em julho foi feita em nome da Anistia Internacional.
*Com informações do G1 e do Estadão.